Em minha prática profissional como professora de Pilates tenho observado um aumento significativo nos casos de dores no corpo, notadamente na região lombar. É bem provável que esses quadros tenham sua causa no sedentarismo e na adoção de más posturas.
A lombalgia tem uma relação íntima com a flexibilidade, uma qualidade física importante para a saúde. Sua manutenção ou desenvolvimento colabora para a prevenção de diversos males, entre eles as lesões e os espasmos musculares, a má postura e as dores nas costas.
Apesar disso, a prática de exercícios para o desenvolvimento da flexibilidade fica relegada ao segundo plano. A falta de mobilidade e a restrição da amplitude de movimentos, muitas vezes imposta pela realidade ocupacional do indivíduo, provoca encurtamentos e desequilíbrios musculares que acarretam compensações do corpo, desalinhando-o.
A etiologia da dor lombar ainda permanece obscura, assim como a de outras condições dolorosas. Os recursos tecnológicos disponibilizam informações, mas ainda ocorre uma inabilidade em delimitar os problemas que acometem a coluna vertebral. GRIEVE afirma que existe uma considerável confusão na área médica acerca da dor lombar e ao tratamento mais eficiente para tratá-la e conclui que a maioria dos casos tende a se resolver espontaneamente, o que pode levar tempo.

CAILLIET defende que a dor lombar a partir da história e do exame físico do paciente tem causas musculares, neurogênicas ou patológicas, sendo que a maior parte tem relação com os tecidos moles, o que é difícil documentar. Além disso, nem sempre os acometidos pela dor procuram o atendimento médico; quando procuram são poucos os episódios que interferem com as atividades profissionais desses indivíduos, sendo, em geral, as ausências no trabalho devido às lombalgias temporárias.
Diversas pesquisas científicas, como a realizada por BROWN, determinaram que aproximadamente 80% de todos os problemas lombares são de origem muscular e que os pacientes que sofrem de lombalgia crônica, em geral, apresentam uma musculatura lombar fraca. O excesso de peso é também um fator que deve ser considerado.
A lombalgia é um problema de origem multifatorial e sua instalação, intensidade, relato e prognóstico podem ser influenciados pela idade, sexo, nível global de aptidão física, mobilidade lombar, força lombar, tabagismo, atividades físicas não profissionais, história pregressa de lombalgia e anormalidades estruturais congênitas.
Após um diagnóstico adequado e tratamento com orientação médica, o retorno gradual às atividades diárias e à pratica de exercícios só se dará com o término da fase aguda. Será necessário modificar e adaptar a rotina de exercícios às possibilidades de movimento. Essa fase é delicada, pois é fundamental compreender como se sente uma pessoa que passou por uma crise de lombalgia ou de qualquer outra dor aguda ou crônica. É preciso respeitar esse momento, considerando as particularidades de cada caso.
Quanto mais restrições o indivíduo apresentar, maior a necessidade de acompanhamento profissional. Podem ocorrer crises de dor durante a recuperação. Não existe “receita de bolo”, cada caso é um caso.
Existem estudos reconhecendo a eficácia do método Pilates, entre outros para tratar a lombalgia. O que vai determinar o sucesso do tratamento é a forma como os movimentos são prescritos e supervisionados.
Foto by Claudio Boczon.
BIBLIOGRAFIA:
ACHOUR JUNIOR, Abdallah. Avaliando a Flexibilidade. Londrina: Midiograf, 1997.
ALTER, Michael J. Ciência da Flexibilidade. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.
BROWN, David E. Segredos em Ortopedia: respostas necessárias ao dia a dia em rounds, clínicas, em exames orais e escritos. Porto Alegre: Artmed, 2001.
CAILLIET, Rene. Síndrome da Dor Lombar. Porto Alegre: Artmed, 2001.
GRIEVE, Gregory P. Moderna Terapia Manual da Coluna Vertebral. São Paulo: Panamericana, 1994.
NÓBREGA, Monica M. Lombalgia e Flexibilidade: um estudo sobre a sua relação, métodos e a utilização de exercícios de alongamentos.Trabalho de conclusão de curso de Graduação. Curitiba: Universidade Positivo, 2005.